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Genes dominantes e genes recessivos

Conceito e definição de gene. Novos conceitos de genes dominantes e genes recessivos. Leis da herança e expressão das modificações genéticas.

Capa livro Teoria Geral da Evolução Condicionada da Vida. Cavalos-marinhos e peixes dourados.

EVOLUÇÃO CONDICIONADA
DA VIDA

FILOSOFIA E CIÊNCIA

Autor: José Tiberius

 

 

4.b.2.c) Genes dominantes e genes recessivos

Significatividade e expressão das modificações genéticas: o exemplo do desenvolvimento tecnológico dos travões na indústria do automóvel.

Independentemente da investigação sobre os mecanismos moleculares através dos quais se expressam os caracteres dominantes ou recessivos incluídos no material genético, pode-se estudar se o conceito de caráter dominante está claramente definido ou se se trata de um conceito clássico e um tanto básico; que se deveria precisar mais, atendendo à sua verdadeira natureza e comportamento instrumental ou, noutras palavras, à sua funcionalidade no quadro da evolução genética.

Desde que o estudei sempre me perguntei qual dos genes se expressaria, nos exemplos utilizados para explicar a Teoria de Mendel, se os dois genes dos progenitores são dominantes ou se ambos fossem recessivos.

Exemplo na evolução tecnológica
Evolução tecnológica de dois tipos de freios automotivos com combinação Mendeliana e o método LoVeInf.

Dado que o conceito dominante implica uma discriminação em relação ao caráter que se vai desenvolver no novo ser, há que examinar as possíveis causas de discriminação para uma melhor, mais rápida ou mais segura evolução. Tomemos a seguinte suposição em que se utiliza a analogia com a mecânica do automóvel para facilitar a compreensão:

  • Existência de dois tipos de genes para uma determinada característica do automóvel. Gene tipo N e gene tipo N+A.

  • O gene tipo N contém as definições técnicas para desenvolver os travões normais de um automóvel.

  • O gene tipo N+A para além das anteriores definições técnicas para travões normais incorpora as definições técnicas correspondentes a travões ABS (daqui em diante d.t.f. ABS)

O conjunto de possibilidades ou combinações genéticas para os casos 1 e 2 seguintes seria:

  1. Os genes dominantes são os menos evoluídos.

    Suponhamos num primeiro caso (caso 1) que uma falha nas d.t.f. ABS pudesse ocasionar que não funcionasse de todo o sistema de travões, ou seja, nem sequer os travões normais; claro que, para garantir a viabilidade comercial do novo veículo, que implica evitar acidentes, vai requerer-se que sempre que funcionem os travões; seja normais, ou normais e ABS.

    Portanto, para incorporar os travões ABS deverá ter-se uma grande segurança de que as definições técnicas dos mesmos são corretas e isso, a priori, unicamente se pode conseguir mediante a comparação de ditas definições técnicas de ambos genes de forma que se coincidem podemos assegurar que não existe praticamente erro, já que seria muito difícil que coincidissem num erro particular.

    Se existir um gene sem a presença das d.t.f. ABS ou, existindo em ambos e não sendo exatamente idênticas, não se desenvolverão os travões ABS. Assim, para o caso 1 o gene dominante é de tipo N já que quando está presente força o desenvolvimento de travões normais perante a impossibilidade, como dissemos, de que coincidam as d.t.f. ABS.

    Observe-se que o gene tipo N é o menos evoluído na nossa suposição.

  2. Os genes dominantes são os mais modernos.

    Se supomos o caso contrário (caso 2) que uma falha nas d.t.f. ABS implica a sua não operabilidade, mas mantém a operabilidade do sistema de travões normais; para garantir a viabilidade comercial do novo veículo não será necessária a presença das d.t.f. ABS nos dois genes, visto que um erro nas mesmas não provocará dano algum no resto do sistema de travões ou do veículo.

    Em consequência, se existir apenas um gene tipo N+A construir-se-á o automóvel com travões ABS porque a possibilidade de que sejam operativos supõe por si mesma uma vantagem e nenhum inconveniente ou risco.

    Agora, os genes dominantes, ou melhor dito, os genes significativos, são de tipo N+A dado que, se está presente, manifestar-se-á sempre, e continua a ser mais evoluído ou moderno que o tipo N.

    Como se pode ver, os genes dominantes do primeiro caso converteram-se em genes recessivos e os genes recessivos em genes dominantes. Isso implica que o ser dominante ou caráter recessivo é um conceito um tanto relativo e não só pelo caráter dominante ou recessivo do gene par, mas também pela funcionalidade associada à expressão dos genes.

Se acrescentássemos um novo gene, tipo N+A+M, com umas definições técnicas de travões mais modernos ou potentes que os ABS, sob as suposições do caso 1 teríamos que o gene tipo N+A seria recessivo em relação ao tipo N e dominante em relação ao tipo N+A+M, enquanto que para as suposições do caso 2 o gene tipo N+A seria dominante em relação ao tipo N e recessivo em relação ao tipo N+A+M.

A determinação da significatividade que pode ter um gene ou outro na configuração genética do novo ser para cada caso particular irá requerer um sinal ou marca genética, ou seja, uma determinada cadeia de ADN. Um mecanismo molecular que permite incorporar este sinal ou marca genética é o comportamento de certos pedaços de ADN chamados histões, estudados pela biologia molecular moderna.

Uma segunda questão é se o gene dominante compensa o recessivo ou se expressa unicamente ele; acontece algo parecido, a resposta é depende. No caso 1 citado anteriormente o gene dominante, ou tipo N, desenvolve unicamente os travões normais, e o recessivo poderia desenvolver, se forem os dois genes tipo N+A e se não se detectasse nenhum erro na verificação das definições técnicas, os travões normais e os ABS. Com as suposições do caso 2 o gene dominante ou tipo N+A desenvolve ambos tipos de travões e o recessivo ou tipo N unicamente os travões normais. Em qualquer caso, suponho que na natureza se apresentam muitíssimos casos semelhantes aos casos 1 e 2 da nossa suposição, e também muitíssimas mais suposições diferentes.

Todo o anteriormente dito é uma explicação do problema muito simplista, ainda que, não tanto como o conceito clássico de gene dominante.

Todo o anteriormente dito é uma explicação do problema muito simplista. Ainda que não tanto como o conceito clássico de gene dominante ou gene recessivo e muito menos simplista que as acepções modernas de co-dominância e co-recessão, que continuam as razões subjacentes ou situações como a descrita anteriormente de genes dominantes em relação a um tipo de genes e genes recessivos em relação a outro tipo de genes

Não nos esqueçamos que atualmente o pensamento geral é que o processo evolutivo se baseia numa combinação de mecanismos aleatórios e da seleção natural. A meu ver, poderia manter-se essa linha de pensamento na evolução dos animais mais simples, dado que se produzem milhões e milhões de crias em breves períodos de tempo, evoluíram durante milhões de anos e parece que não evoluíram demasiado.

NOTÍCIAS DA EVOLUÇÃO

"A descoberta de vários pedaços de ocre talhado com motivos geométricos numa caverna sul-africana sobre o oceano Índico faz pensar que o comportamento moderno humano iniciou-se há pelo menos 77.000 anos, durante a idade da pedra africana.

As amostras de atividade artística mais antigas conhecidas até agora, as pinturas rupestres das cavernas espanholas e francesas, eram muito mais modernas, mas também mais convincentes"

El País 11-01-2002. Science / Journal of Human Evolution.

 

Para os humanos não de há nenhuma das condições anteriores; antes o contrário, em linha descendente não se produziram mais de 200 gerações (tendo em conta que o ser humano moderno tem uma antiguidade máxima de 50.000 anos). Têm-se poucos filhos por cada geração e a evolução cerebral foi enorme.

Quantas combinações em linha descendente se necessitariam para que o código de Windows 3.11 passasse por mudanças aleatórias ao do Windows 95?

Quantas combinações se necessitariam para que as definições técnicas dos travões normais de um automóvel se transformassem nas de travões ABS?

Em definitivo, penso que se necessita de uma pequena atualização filosófica da evolução genética que reconheça a sua dinâmica intrínseca e nos permita aproximarmo-nos mais à natureza independentemente das ideias religiosas ou agnósticas que alguém possa ter.